segunda-feira, 7 de maio de 2012

O VENTO DO LESTE.

O vento soprou suave e úmido sobre mim.
Minha pele arrepiou.
Sensação gostosa, porque por um momento pensei sentir seus braços.
Olhei em minha volta e não havia nada, nada além de memórias.
Subi no parapeito da janela e pude observar o mar,
As ondas quebrando nas rochas formavam maravilhosos desenhos com suas espumas brancas.
Mais além algumas gaivotas voavam tranquilamente sendo levadas pelo vento que sopravam delicadamente sobre suas asas.
Novamente senti meu corpo arrepiar.
Meus lábios sorriram levemente, criei asas e saltei para a liberdade.
Sobrevoei as rochas e toquei o mar.
Voei o mais alto que pude. Subi até me cansar.
Por alguns instantes eu plainei no céu azul e me senti livre, livre de qualquer sentimento, de qualquer dor, de qualquer emoção, plainei tranquilamente até onde ninguém jamais conseguiu chegar. Meu passado e presente se misturaram num espetáculo de cores, tudo era possível naquele instante, tudo estava ao meu alcance.
Com um sorriso de criança e com a malicia de um adulto mergulhei então para o meu maior mergulho.
O vento gelado cortava meu rosto, minhas asas se despedaçavam e meu corpo se quebrava todo.
Sorri mais uma vez e fechei meus olhos, não queria esquecer aquele momento jamais.
Uma forte luz tocou meu corpo e uma leve brisa me arrepiou.
Por dias tudo era luz.
Meu corpo ardia a cada respiração.
Ouvi alguém chamar meu nome, era uma voz há muito conhecida, sorri ao tentar abrir meus olhos, eles não se abriram.
Mais uma vez ouvi a doce voz que me chamava.
O vento soprou meu corpo e minha pele arrepiou, soube onde estava.
O vento sempre me dizia onde eu me encontrava.
O vento sempre me trazia de volta para casa.

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