quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

INTERCAMBISTAS E SEUS BLÁ BLÁ BLÁ

Blá blá blá e mais blá blá blá.
Isso é o que se escuta o tempo todo das pessoas que fazem intercâmbio e para ser honesto, isso é tão chato.
É normal que todos mudem um dia na vida, afinal ninguém é um prego enfiado na parede para toda a eternidade, mas achar que todas as mudanças da vida acontecem porque você fez um intercâmbio, ai já é muito para a minha pessoa.
O que realmente acontece quando você decide fazer um intercâmbio é que, a partir do momento em que você embarcar no avião e zarpar rumo ao desconhecido, você dá o primeiro passo para viver fora da caixa em que você esteve guardado por muito tempo e para conseguir viver fora dessa caixa você tem que se adaptar a nova caixa e as regras que ela possui. Sim, você sai de uma caixa e vai para dentro de outra, a diferença é que nessa nova caixa você não conhece ninguém e ninguém te conhece, então muitos aproveitam essa oportunidade para extravasar e quem não era gay vira gay, quem nunca transou transa, quem nunca bebeu cai na rua de tão bêbado que ficou, tudo isso é absolutamente normal na vida de um intercâmbista e sendo assim, uma vida sem muitas explicações, as pessoas que optam por fazer um intercâmbio acreditam que mudaram a vida totalmente e que nunca mais serão as mesmas pessoas, oras, a vida muda o tempo todo e um intercâmbio é para ajudar nisso, mas será que essas mudanças são verdadeiras?
Vivendo longe do conforto de casa e tendo que preparar todo dia a nossa comida, claro que a gente aprende a cozinhar um pouco melhor, coisas da vida, mas e o retorno pra casa, você vai continuar cozinhando ou vai continuar esperando a mamãe deixar seu pratinho pronto e bonitinho te esperando?
Longe do conforto dos nossos veículos, nós aprendemos a andar de ônibus e caminhamos em uma semana mais do que caminhamos em toda a nossa vida, mas será que quando você retornar para casa vai continuar com os mesmos pensamentos que tem aqui? Vai continuar pensando que dois quarteirões é perto e que não irá precisar tirar o carro da garagem para comprar um leite na padaria? Vai continuar indo para a faculdade, que fica ali há 3 km da sua casa, a pé porque é ecológico e que menos carros na rua é melhor? Vai continuar indo para a balada a pé e voltando de táxi porque bebeu além da conta e beber e dirigir não combina?
Vai dizer que tudo mudou e que você esta totalmente mudado quando a única opção que você tem é mudar, mas a verdadeira mudança não acontece para que os outros possam ver, elas acontecem dentro de cada um de nós e só será chamada de mudança, se realmente colocarmos em prática tudo aquilo que aprendemos.
Os intercâmbistas dizem que mudaram e acredito que muitos tenham realmente mudado, mas é totalmente errado falar que você mudou estando do lado de cá, você deve afirmar e se orgulhar das mudanças do lado de lá, quando você voltar para casa e colocar em prática tudo aquilo que aprendeu e valorizar cada aprendizado, porque se isso não for feito, pra mim continuará sendo um monte de BLÁ BLÁ BLÁ.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PÁGINAS EM BRANCO

E assim fui aprendendo que a vida é que, com o passar dos dias, as estórias vão sendo escritas e dando vida, cor e ritmo ao que somos hoje, assim nos tornamos pessoas.
Meu livro hoje conta com 32 capítulos muito bem vividos.
Muitas aventuras nos meus primeiros textos, afinal descobrir quem somos nunca é fácil.
Depois das aventuras vieram os dramas, é sempre difícil descobrir sobre sexualidade, aceitar as transformações do corpo e a aproximação com o sexo oposto, mas mais complicado ainda é se descobrir um adolescente gay em um mundo preconceituoso e intolerante; nada fácil, mas os dramas foram vencidos e ai os novos capítulos começaram a ser escritos novamente com uma pitada de aventura, mas não mais para descobrir quem eu era, mas para descobrir onde eu poderia chegar.
Longas viagens para descobrir quem seria amigo de verdade, quem nunca confiar e de quem esperar sempre o melhor.
Outras eternas viagens para saber por mim mesmo que drogas não são saudáveis e que tudo que meus pais falavam e falam sobre elas é a mais pura verdade, drogas não dão futuro pra ninguém, mas mesmo assim experimentei algumas vezes e as mais variadas opções, mas nem por isso me tornei um viciado e ou drogado, mas esses fatos constam no meu livro e quem ler somente essa página da minha vida, como um viciado drogado irá me apontar.
Passado a adolescência, percebi que a vida não poderia ser somente eu e mais ninguém, havia então a necessidade de ter um alguém para me acompanhar, para me dar a mão quando eu caísse e para que pegasse na minha mão quando estivesse caído, começou então a sessão romance, a busca por alguém, mas como encontrar alguém decente para compartilhar uma vida inteira? Me sentindo perdido e confuso com essa busca, meus textos passaram novamente é ter um conteúdo dramático e cheio de altos e baixos. São raras as pessoas na casa dos 20 anos que querem namorar sério, ainda mais sendo um namoro gay, então depois de muitas tentativas frustradas eu meio que acertei, digo meio porque terminou e se terminou é porque não era a pessoa certa. A busca então continuou e entre encontros e desencontros eu resolvi me aventurar novamente e mais uma vez mudar o rumo da minha estória. Malas prontas, bilhetes em mãos e lá vou eu, me jogar no desconhecido mais uma vez e começar tudo outra vez, redescobrir quem sou eu, fazer novas amizades, experimentar drogas e saber que elas não fazem bem mais um vez, brigar, discutir, xingar e muitas vezes chorar sozinho, no frio escuro do quarto por não ter alguém para pegar em sua mão e te ajudar a levantar de um tombo. Doeu e senti que nunca ninguém iria estar lá, ao meu lado para me dar a mão depois de um tombo. Fortaleci meu espirito e fechei meu coração, me dei como objetivo uma nova aventura, voltar para casa e recomeçar a reescrever minha estória, mas meu coração me enganou e se abriu para um novo romance e eis que aqui estou, imerso em uma paixão violenta e escrevendo mais capítulos nesse meu livro.
Hoje olho para as páginas em branco e sei bem o que quero colocar nelas, porém cada página deve ser escrita ao seu tempo, sem a pressa de um adolescente afoito para perder a virgindade e sem a serenidade do casal apaixonado que espera pelo final após 80 anos de casado, tudo deve ser escrito no seu ritmo, porque assim saíra bonito e bem contado.
Meus 32 capítulos estão ai, seguindo sendo sempre em frente. O que foi escrito foi um aprendizado do qual não me arrependo, muitos me julgam e me julgarão pela capa, outros farão a mesma coisa por lerem trechos soltos, mas os que lerem a estória toda e com atenção, esses sim estarão comigo até o final, porque conhecerão minhas lutas, minhas vitórias e derrotas e saberão que eu realmente sou.
Eu Paulo Roberto Maglia de Souza.