quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

DO LADO DE LÁ DA VIDA

Caminhei por entre os mortos e os vivos, senti frio, sede, fome e medo. Vi vidas sendo levadas de tantas maneiras que cheguei a conclusão de que não há um porque da própria vida. Me senti um nada em meio os escombros de uma guerra que eu mesmo havia criado.
Sofrer em vida não havia sido o suficiente para mim. Provocar a morte, a dor e a miséria era o que mais me excitava. Era feliz vendo o sofrimento de outrem. Era divertido ver pessoas se rastejando e implorando piedade de mãos duras e rígidas. Aquela dor me satisfazia de uma maneira tão intrigante que eu queria sempre mais e mais, a cada novo dia eu sai para caçar e fazer o medo se manifestar da maneira mais cruel possível. Eu tinha essa necessidade, esse desejo.
A vida me fez sorrir, porém a morte me fez agonizar por muitos e muitos anos; talvez bem mais do que eu queria e bem menos do que merecia.
Senti em meu corpo toda a dor que havia provocado. Tive medo. Sofri em mãos impiedosas. Fui tratado pior do que tratava meus animais. Fui tratado como um lixo, um nada.
O tempo foi passando e minhas feridas crescendo cada vez mais. Meu corpo já não suportava seu próprio peso. Me rasteja pela ruas imundas daquele cidade em que habitava. Bebi da mesma água que os porcos, comi do mesmo lugar que os cachorros. Chorei; chorei e adormeci. Sonhei com os tempos do exército. Meus soldados marchando no símbolo daquela capital. Havíamos chegado no topo. Subimos para a glória e para a purificação de uma história que estava se perdendo. Sorri e acordei em meio ao lixo. Chorei e pedi com o coração a salvação. Já não queria mais estar ali. Pedi piedade daquela mão que me açoitava. Pedi ajuda a Deus. Entreguei meu coração e minha vida nas mãos de Deus e foi a primeira vez em minha vida que fiz uma oração. Orei com fé e esperando algo bom acontecer. Orei e Deus me ouviu. Como que em um filme, vi a luz surgindo em meio a escuridão e duas jovens negras caminhavam em minha direção com um sorriso no rosto e as mãos estendidas. As jovens moças vestiam roupas claras e alegres, muito diferentes das que as mulheres em minha cidade eram obrigadas a usarem. Me senti constrangido por isso. Como poderiam pessoas negras me ajudarem depois de tanto mal que eu havia causado? Como poderiam? Chorei. As jovens moças me acolheram em seus braços e me carregaram para longe do lixo e da escuridão. Me levaram para um lugar cheio de luz e alegria. Trataram minhas feridas. Me alimentaram. Me deram água para beber. Adormeci.
Sonhei com anjos. Um voo sobre o planeta Terra em alta velocidade mas que me permitia ver claramente todos os males que ali estavam. Me senti culpado e comecei a voar cada vez mais e mais alto, até não ver mais a dor e o sofrimento que eu havia causado, mas eu sabia que fugir não iria mudar o que eu havia feito, a dor e o medo continuavam lá. Chorei e acordei.
Enfermeiros correram para me acalmar e me dizer que estava tudo tem, que era normal e que, se eu quisesse, eu poderia ajudar a transformar aquela situação um dia. Eis que os dias foram passando e hoje estou aqui, relatando um pouco sobre o que me aconteceu depois que desencarnei. 
Um dia terei que reencarnar novamente, mas enquanto esse dia não chega, eu vou estudando e aprendendo o que é o amor, a compaixão e a fraternidade. Descobri aqui que sim, somos irmãos e que não será a cor da pele, a nacionalidade ou a classe social que irá mudar isso. Aprendi que a paz é muito mais valiosa que qualquer guerra e que nenhuma guerra irá construir um mundo mais justo e nobre, pelo contrário, a guerra só ira romper as pontes que existem entre os povos e afundá-los na mais escura sombra de dor, medo e solidão.
Se o medo chegar, enfrente-o com amor. porque só o amor constrói.

P.S A luz guia todos aqueles que procuram sair da escuridão.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SE MUDEI??? SIM, E COMO MUDEI.

Minha estória atual começou assim:
24/10/2012 embarquei com destino a Dublin, Irlanda.
Cabeça trabalhando a milhão. Coração apertado por deixar família, amigos e amores. 
Plano inicial: 6 meses estudando inglês e depois viajar um pouco e voltar para a minha vida, a vida que eu tinha e que era suficientemente boa para eu pensar em me aposentar nela, porém a Irlanda mudou minha vida e os 6 meses iniciais se transformaram em 1 ano, então depois de um ano vivendo aqui eu iria embora, retomar minha vida e viver junto da família e amigos novamente.
Um ano se passou e eu decidi ficar mais um ano. Estudar e viajar era o meu plano, mas a saudade da família começou a apertar e após 1 ano e 6 meses estou eu lá, chegando no Brasil e correndo para o colo dos meus pais. Quantas lágrimas eu derramei rs. Lembro claramente como foi encontrar minha irmã no aeroporto e chorar de alegria. Meu cunhado e minha amiga. Como senti falta deles e como eles são importantes para mim.
Seguimos para a casa dos meus pais, eles não faziam ideia de que eu estava a caminho e quando cheguei foi um choque e tanto. Quanta alegria. Ver meus pais e meus sobrinhos, reencontrar amigos e me sentir em casa novamente. Foi um domingo de muita alegria. Me senti tão bem.
Os dias foram passando e a alegria de estar com minha família não tinha preço, porém eu sentia que não pertencia mais aquela cidade. Um ano e seis meses havia mudado tanto a minha vida e eu havia criado uma expectativa de que a vida lá também estaria diferente, que as pessoas também teriam mudado, mas não foi o que aconteceu.
Vi que todos continuavam na mesma vida, querendo ser algo que não são e tentando mostrar uma vida que eles não tem. Me senti mal com isso e totalmente deslocado. 
Pensei, será que eu também era assim?
Os dias foram passando e tentei ao máximo não mostrar o como eu estava me sentindo fora do meu habitat natural. Aquela vida não me pertencia mais e a saudade da minha vida na Irlanda estava começando a apertar.
Eis que chegou o dia de voltar para Dublin e retomar minha vida, estava feliz com o retorno, mas meu coração estava partido por deixar minha família novamente, me senti ficando órfão de pai e mãe, mas meu plano era concluir meu curso e depois de 6 meses voltar definitivamente para casa e recomeçar uma vida que já não sabia se eu ainda queria.
A chegada em Dublin foi espetacular, a cidade me recebeu de braços abertos e os 22 dias que havia passado no Brasil foram suficientes para ver uma Dublin diferente. Não sei qual foi a mágica, mas tudo sorria para mim naquele retorno. A minha vida esta seguindo.
O tempo foi passando e com isso as pessoas do Brasil foram se distanciando a cada dia mais. A família continuava lá, dando apoio para que eu continuasse seguindo minha nova vida e que, se fosse minha vontade, continuasse a viver aqui para todo o sempre. Muitos amigos foram se tornando colegas e de colegas passaram a ser conhecidos. Doeu, mas já não tínhamos mais a mesma sintonia. A minha felicidade é viver uma vida simples e boa e eles já pensam que a vida boa é ter luxo e dinheiro. Enfim, seguimos para o mar em rios separados.
Esses fatos me fizeram decidir por ficar em Dublin mais um ano. Estudar mais, viajar mais, conhecer pessoas novas e dar tchau para esse lugar maravilhoso em 12 meses. Minha meta era voltar para o Brasil em outubro de 2015, chegar antes do aniversário da minha amada avó e recomeçar uma vida totalmente nova da que eu tive um dia no Brasil. O plano era mudar para uma cidade onde eu não conhecia ninguém e lá começar a me reconstruir como brasileiro. Trabalhar para ter uma vida simples e boa. Criar amizades novas e verdadeiras. Comprar um cachorro. Esse era o plano, mas dia 27/10/2014 tive meus planos mudados novamente, mas dessa vez foi de uma maneira diferente, foi algo que fugiu do meu controle. Dia 27/10/2014 eu me apaixonei. 
Existe um meio para não se apaixonar? Acredito que não.
Ver aquele carinha cansada que, mesmo depois de uma longa viagem, sorria alegremente e caminhava em minha direção foi demais para mim. Sim, me apaixonei naquele dia, naquele momento e de uma forma avassaladora. Senti meu corpo estremecer. Sabe as borboletas no estomago? Nunca elas se mexeram tanto dentro de mim. Me senti feliz ali, naquele momento, sem ao menos ter falado oi.
O destino me pregou uma peça, porque saímos de Ribeirão Preto e viemos nos apaixonar aqui. Acredito que esse é um dos maiores sinais de que aqui é onde eu devo ficar.
Hoje comemoro um mês dessa paixão avassaladora e de um namoro que começou antes mesmo do primeiro beijo.
Meus planos hoje são outros. Já não conto 12 meses para voltar a viver no Brasil. Hoje eu só quero é ficar e seguir aqui, vivendo uma vida simples e cheia de coisas boas. Hoje eu só quero cultivar mais as verdadeiras amizades e deixar o amor crescer ainda mais. Hoje eu só quero continuar com a alegria que essa terra maravilhosa me escolheu e poder retribuir toda essa alegria.
Então o que posso dizer é isso: "Me apaixonei pela Irlanda e essa paixão foi crescendo a cada momento mais. Deixei me levar por essa paixão e foi por me deixar levar que me apaixonei novamente e dessa vez não foi por um lugar, dessa vez foi por um alguém, dessa vez foi por você. Sendo assim, eu devo dizer que FICO. Onde estou é meu lar e onde estamos é onde eu quero ficar."

P.S - As pessoas julgam os apaixonados até se apaixonarem, porque depois que se apaixonam são intensas e inconsequentes assim como eu sou. Comigo é sim, não sei ficar no meio termo, ou é tudo ou não é nada e agora eu estou vivendo com tudo essa paixão essa paixão ardente.



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

MONÓLOGO DE UM SUICIDA

E eu me pergunto todos os dias, o que eu estou fazendo aqui?
Hoje completo mais um aniversário. Para muitos é um grande dia, para mim é apenas mais um dia como outro qualquer.
Você já parou para pensar que nós somos enganados por vários anos e que após completarmos 16 ou 17 anos, passamos a perceber que nossos pais nos colocaram na maior mentira já inventada?
Meus avós tiveram 11 filhos e criam muito bem os 11 filhos trabalhando de sol a sol nas lavouras da vida. Tanto meu pai, o famoso Dr. Luis quanto os seus outros 10 irmãos foram criados da mesma forma, com os pés no chão, correndo atrás de uma bola de couro surrada e tirando sempre a tampa do dedão. Todos são saudáveis e cheios de vida. Todos tiveram filhos. Todos disseram ao se casarem que dariam uma vida diferente da que tiveram para seus filhos e hoje estou aqui, emperrado em meio aos vários livros que, segundo o Dr. Luis, irão me dar um futuro melhor.
Não sei se o fato de não terem muito dinheiro quando eram crianças, não terem os melhores brinquedos e nem as melhores roupas levaram meus pais a projetarem tudo o que não tiveram em mim. Sou filho único e nem preciso dizer o quanto sou mimado. Tive de tudo. Os melhores brinquedos, vídeo-games, computadores, roupas. Fui para uma das melhores escolas da cidade. Pratiquei polo aquático e viajei várias e várias vezes. Fiz de um tudo nessa maravilhosa ilusão que meus pais pensam que é o melhor para mim.
Claro que eu não posso reclamar dos presentes ótimos que ganhei e nem dos lugares maravilhosos que conheci, porém os presentes sempre chegavam e eu sempre era obrigado a brincar sozinho, já que para meus pais "brincar na rua" era perigoso e não seria bom eu arrebentar meus pés jogando bola descalço na rua.
As viagens foram lindas, mas era sempre esperada a época do ano em que meus pais saiam de férias e para tentar amenizar a ausência dos outros 11 meses do ano, eles sempre me levavam para lugares lindos, mas nunca os que eu escolhia, engraçado né?
Então hoje. Exatamente hoje. No dia do meu aniversário eu decidi dar um basta nisso tudo. Chega de ser o brinquedo que meus pais não tiveram. Chega de usar as roupas que eles gostariam de ter usado e não tiveram a oportunidade. Chega de viajar para os lugares que eles sonhavam em conhecer e que eu nunca nem pensei em estar. Chega de ser o reflexo de pais frustrados com a infância "infeliz" que eles tiveram. CHEGA!!!!
Hoje eu quero ser EU.
Quero correr descalço na rua,
Quero tomar banho de chuva.
Quero brincar na calçada da vizinha,
Quero namorar a Lucinha.
Hoje eu quero ter a paz de um adolescente.
Quero rir,
Cantar,
Dançar.
Só hoje quero ser assim, EU.
Sendo assim queridos pais, hoje decidi morrer. Não quero ser o garotinho mimado, disciplinado e que irá se tornar mais um DOUTOR ocupado. Não quero também minha mãe, me tornar o empresário que irá trabalhar em turnos dobrados só para lucrar mais alguns trocados.
Não pensem que estou sendo ingrato, porque não é ingratidão. Apenas não quero ser o que vocês querem que eu seja, porque a vida é tão curta para não se dar valor ao que mais importa. A vida é curta para não se amar a simplicidade de viver com alegria espiritual, porque o material a gente perde e como perde.
Obrigado meus amados pais pelo que tentaram fazer por mim, sei que trabalharam muito para me dar o que vocês julgavam melhor, mas nesses meus 18 anos o que mais precisei foi a presença de vocês, foi poder ouvir de vocês uma palavra amiga, um conselho e até umas broncas a mais. Eu precisei de pais presentes e não de presentes dos pais.
Meu recado então é esse: não tentem transformar seus filhos naquilo que você gostaria de ter se transformado, eles não são vocês e tentar transformá-los nos seus fracassos só irá transformá-los em pessoas frustradas. Ame-os e deixe-os viver. Afinal seus filhos não são seus filhos, são filhos do mundo.
Esse será meu último gole. Talvez eu agonize um pouco, mas logo estarei do lado de lá.
Adeus. Sempre os amarei.
Eternamente.
Lucas.


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

D.F - DIAS FELIZES SEMPRE

A vida é engraçada e nos prega cada peça...
Dois anos atrás, quando decidi vir morar em terras desconhecidas, jamais imaginei o quanto minha vida iria virar de ponta cabeça e não ela que ela virou tantas e tantas vezes que eu já nem sei mais qual é o lado certo da minha vida.
Há dois anos eu deixei muito mais que meu país, há dois anos eu deixei família, amigos e uma vida construída com muita luta e abdicação, deixei o conforto e a segurança do meu lar para viver o inesperado, para viver o novo, para me descobrir. 
Descobri um novo eu, mais tolerante com muitas coisas e totalmente sem paciência para muitas outras. 
Descobri o quanto o mundo é racista, mas o que mais me doeu foi ver que a maioria do racismo que vi vinha do meu próprio povo.
Descobri a dor da injustiça e aprendi que ser honesto não tem preço e que isso te abre portas seja onde for.
Descobri o significado da verdadeira amizade e que os verdadeiros amigos são anjos colocados nas nossas vidas por Deus.
Descobri que a religião não esta em um templo feito com ouro e grandes muralhas, descobri que a religião não pede por ostentação e que o lugar de maior concentração de fé esta dentro de nós mesmo, esta dentro de nossos corações.
Descobri que podemos amar quantas vezes quisermos amar, porque Deus nos deu esse dom e amar nunca será demais para um coração.
A vida me trouxe tanta coisa, tantas pessoas, tantos amores. A vida me sorriu e me mostrou o lado bom de viver.
Engraçado falar em viver, porque fui aprender a viver depois de completar 30 anos de idade. Antes eu sobrevivia em meio ao caos, tendo que estudar, trabalhar e ainda tentar ter uma vida social. Hoje tudo corre tranquilo, continuo trabalhando, estudando e tendo uma vida social, mas hoje tenho tudo com isso com qualidade, porque a vida me ensinou a gerenciá-la e hoje sou o responsável pelo meu tempo. falando de tempo, eu não o desperdiço mais com coisas bobas e mesquinhas, a vida é curta para se preocupar com problemas que não nos levarão a lugar algum e eu não quero ter cabelos brancos por pensar em algo que não me acrescentará em nada e se não me acrescenta, eu deixo o vento levar... levar para longe...
A vida é assim, cheia de reviravoltas. Ainda bem que ela é assim. Hoje estou do lado que deveria estar e o engraçado, é que eu estou amando esse lado!!!
D.F - Dias Felizes...


domingo, 7 de setembro de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 5/5

Uma triste melodia chegava até a pequena sala na Alameda Botafogo.
O canto triste era entoado por uma pequeno pássaro preso em um relógio cuco.
A sala estava organizada, tudo havia sido recolocado em seus devidos lugares e Larissa, que continuava deitada no chão, observava o teto com um olhar perdido e sem brilho.
O pequeno pássaro continuava a cantar sua triste melodia. O sol se escondia lentamente e as luzes dos postes começavam a se acender.
Larissa se levantou lentamente, seu corpo doía. Olho para as cortinas e elas dançavam com a brisa que o anoitecer trazia. Caminhou até as cortinas e abriu para respirar um pouco de ar fresco; viu várias crianças brincando no playground e um pouco mais distante esta Diorgenes, sentando em uma mureta com uma faixa na cabeça.
- Eu o conheço de algum lugar? - disse para si mesma.
Diorgenes olhou para a janela do terceiro andar por alguns instantes e voltou sua atenção para o livro que possuía nas mãos.
Larissa caminhou até o relógio cuco e abriu a portinha onde estava preso o pequeno pássaro, estendeu sua mão para pegá-lo, mas foi surpreendida com uma bicada do pássaro que voo pela janela cantando sua triste melodia. Larissa observou o pássaro voar e sentiu vontade de fazer. Cortou a tela de proteção, subiu em sua janela e se jogou para a eternidade em um voo sereno. Sentiu o vento tocar seu rosto. A sensação de liberdade ao voar era impressionante, Larissa sorriu e bateu ainda mais suas asas, subindo cada vez mais e mais. Viu ao longe o sol se pondo entre colinas e dominando o horizonte com suas cores quentes e forte, Larissa sorriu novamente, observou parada no ar o espetáculo que a natureza estava proporcionando.
Larissa bateu suas asas novamente e subiu mais e mais. Subiu livre de medos e anseios. Subiu para olhar as estrelas, queria tocá-las. Bateu suas asas ainda mais forte e mais rápido, as estrelas estavam logo ali, Larissa quase podia alcançá-las, era questão mais algumas batidas de asas e lá estaria ela, tocando as estrelas como sempre sonhara. E Larissa bateu suas asas mais e mais forte, mas as forças estavam se acabando. Esticou seus braços para tocar as estrelas, mas suas mãos não alcançaram e elas começaram a ficar longe, cada vez mais longe. O vento começou a soprar forte em seu rosto. Viu vários pássaros voando ao seu redor. Eles cantavam.
- Por que vocês cantam?
Eles continuaram a cantar em volta de Larissa que chorando começou a cantar. A triste música que Larissa conhecia tão bem agora era cantada por ela própria e acompanhada por vários pássaros que a seguiam nesse momento.
Larissa continuou a canção. Começou a sentir frio e a relembrar os velhos tempos de escola. Lembrou também da família e de vários almoços que perdera. Lembrou dos amigos, ex-namorados. Lembrou das vizinhas e das viagens que havia feito. Lembrou do seu vestido de debutante. A formatura havia sido um sucesso. Lembrou do seu primeiro amor. Lembrou-se de quem era, mas já não havia mais tempo.
- SOCORRO! SOCORRO! SOCORRO! - começaram a gritar as crianças no playground.
Diorgenes correu para junto do corpo de Larissa, mas já não havia mais vida ali. Escutou as sirenes ficarem cada vez mais fortes e viu as luzes vermelhas chegarem.
- Abrão espaço! Abrão espaço! - dizia uma voz feminina.
- Ela caiu moço - disse uma criança para o paramédico - ela caiu da janela.
O paramédico olhou pela janela e viu a cortina dançar levemente com a brisa daquele anoitecer.
- Já não há mais o que fazer aqui. - disse a voz feminina mais uma vez.

- Rubens, encontrei uma carta aqui na cabeceira da cama e esta endereçada para... Senhor dos tempos.
- Senhor dos tempos? Quem é esse individuo? - perguntou Rubens - leia por favor.

"Já não há mais tempo para viver, porque viver nos toma muito tempo e nós não temos tempo para isso.
Não quero ser a pessoa que irá tomar o seu tempo tentando viver em um tempo em que é muito importante ter um tempo para se ter um tempo. Tanto tempo que gastamos pensando em como viveríamos se tivéssemos tempo para viver, mas não temos mais esse tempo pra perder.
O tempo é precioso e por isso somos tão pobres espiritualmente, porque nunca temos tempo.
Não temos tempo para os amigos, não temos tempo para os namorados e familiares, não temos tempo para nós.
Sinto falta do tempo em que o tempo era desfrutado. Sinto falta do tempo em que matar o tempo era bom, gostoso. Sinto falta do tempo em que arrumávamos tempo para conversar sobre o tempo que passou, sobre o tempo em que vivíamos e o sobre o tempo que estava por vir. Sinto falta desse tempo.
Sendo assim Senhor do tempo, peço que me arrume um tempo dentro de pouco tempo e que seja um tempo bom, um tempo pra mim."





domingo, 24 de agosto de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 4/5

Os olhos de Larissa não conseguiam acreditar no que viam, no meio de sua sala havia um corpo colocado cuidadosamente em posição fetal envolto em um fino tecido branco.
O chão encontrava-se forrado de penas e as cortinas dançavam com o vento que entrava.
Larissa pensou correr, mas algo dizia que correr não seria a melhor ideia, sendo assim, caminhou para dentro de seu apartamento lentamente. Sua cabeça tentava guia-la para uma direção, a mais longe possível do corpo, porém seus pés a levaram para junto do corpo que, para seu espanto, ainda respirava vagarosamente.
Larissa levou sua mão até o tecido que estava envolto do corpo e começou a desenrolá-lo. O tecido era frio como gelo, porém ao tocar o chão ele se queimava em uma chama azul instantaneamente. Larissa desenrolou em quantidade enorme daquele misterioso tecido até se dar conta de quem estava ali, Diorgenes.
O corpo de Diorgenes estava com vários ferimentos que pareciam ter sido causados por bicadas de aves, seus olhos estavam parados olhando vagamente para um lugar entre o passado e o presente e sua respiração era silenciosa.
Larissa abaixou-se para tentou segurá-lo em seus braços, mas Diorgenes se encolheu ainda mais e começou a murmurar, ao primeiro instante Larissa não compreendeu, porém ao aproximar sua cabeça ainda mais de Dirogenes, ela então pode entender o que ele dizia, "eles estão cantando, eles estão cantando".
Sua cabeça não conseguia pensar no que significam aquelas palavras, mas seu corpo reagiu ao que ouviu e se levantou rapidamente correndo para a janela, mas antes de tocar as cortinas, Larissa foi arremessada de costas ao chão por um grande falcão que entrou voando pela janela e pousou suavemente sobre o seu sofá.
O grande falcão deu algumas bicadas no sofá e então, os olhos de Larissa não acreditavam no que estava acontecendo, começou a se transformar em um homem com vestes surradas e um olhar arisco.
- Quem é você?
- Pergunta errada minha jovem. Quem eu sou não importa, mas o que eu faço sim, isso sim é o que importa.
- E o que você faz?
- A reordenação dos tempos.
Larissa não tinha ideia do que era a reordenação do tempo e achou melhor não perguntar. Tentou se levantar, mas seu corpo parecia estar preso ao chão. Olhou para Diorgenes e ele havia se encolhido ainda mais. Olhou para a janela e viu que as cortinas já não dançam mais e reparou que os olhos daquele homem estavam fixos na cortina, como se estivesse vendo através delas. Larissa se esforçou um pouco mais e conseguiu se arrastar para mais perto de Diorgenes e cochichou, "tudo ficará bem, confie em mim". Diorgenes moveu seus olhos em direção aos olhos de Larissa até os encara-los.
- Olhe nos meus olhos - disse Diorgenes quase em um suspiro - olhe nos meus olhos.
Larissa então olhou profundamente nos olhos de Diorgenes e, como se estivesse vendo uma televisão, viu pássaros e mais pássaros o atacando compulsivamente.
- O que isso significa? - perguntou Larissa com o mesmo tom de voz de Diorgenes. Mas a resposta não veio da boca de Diorgenes.
- Significa que aqui já não é mais seguro para você. Diorgenes fez o que pode para protege-la, mas...
Sua voz foi silenciada pelo som que o vento fazia do lado de fora da janela e no segundo seguinte o grande falcão já estava se preparando para voar. Larissa segurou Diorgenes no instante em que a grande ave começou a bater asas e um grande vendaval começou a fazer com que toda a sala começasse a voar. Larissa gritou, mas foi inútil. Tudo rodou e Larissa apagou.


sábado, 9 de agosto de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 3/5

Quando o relógio marcou 5pm, Larissa deixou o escritório sentido estação PAZ. As ruas estavam movimentadas, porém Larissa não conseguia prestar atenção no que estava ocorrendo a sua volta, seus pensamentos continuavam na pequena lojinha e na frase "os pássaros cantam por alguma razão".
- O que isso quer dizer? - perguntou para si mesma, enquanto apressava os passos sentido a estação.
Novamente se encantou com a brancura da estação PAZ e em como as pessoas se encontravam felizes lá dentro, acenando para as chegadas e partidas.
- Isso não esta acontecendo. Não esta acontecendo. - disse novamente para si mesma - Impossível tanta felicidade em uma estação de metro. 
Caminhou por entre as pessoas que sorriam e acenavam e depois de algumas minutos encontrou a escuro loja que se destacava no meio daquela imensidão branca. A placa escrita a mão continuava lá com os mesmos dizeres. A vitrine estava repleta de pedras, amuletos, penas e muitos objetos esotéricos. Na vitrine também podia ser lido: "Tarô e Búzios, descubra a sua sorte ou seja refém do obscuro", entre um misto de receio e curiosidade, Larissa abriu a porta e entrou para a pequena loja. Uma pequena senhora saiu de trás de um cortina feita em pedras e sorriu.
- Boa tarde - disse Larissa - eu queria fazer uma pergunta sobre...
Larissa foi interrompida pela pequena senhora.
- Eu sei querida, sobre a razão dos pássaros cantarem, eu sei. Venha, sente-se aqui enquanto eu preparo um xícara de chá para nós.
- Obrigada - disse Larissa se sentando em uma poltrona surrada pelo tempo.
Larissa esperou por alguns e logo a pequena senhora voltou trazendo uma bandeja com as xícaras e o bule. 
- Você quer leite no seu chá?
- Não obrigada, apenas um pouco de açúcar.
- Pois bem - disse a pequena senhora enquanto acrescentava açúcar no chá de Larissa - você não é a primeira que vem me fazer a mesma pergunta hoje, outros tantos já vieram e isso me surpreendeu de uma certa maneira.
-  De que maneira você foi surpreendida? 
- As grandes mudanças estão chegando e a hora de escolher entre ficar e partir esta cada vez mais próxima. Muitas chegam e partem dessa estação todos os dias, mas muitos apenas cruzam por ela sem saber para onde estão indo ou de onde estão vindo e isso faz com que o planejamento da vida seja desperdiçado.
- Mas o que isso tem a ver com a minha pergunta? Qual a razão dos pássaros cantarem? 
- Olhe dentro de sua xícara.
Larissa já havia tomado todo o chá, porém não havia reparado no que a borra que o chá deixou. Seus olhos se umedeceram.
- Compreende agora o porque?  
- Sim, agora sim.
- Pegue isso minha filha, irá ajudar você a acalmar seus medos e se preparar para o que esta por vir.
Larissa pegou o amuleto que a pequena senhora estendia e colocou em seu pescoço, agradeceu com um sorriso, levantou-se e seguiu seu caminho para a Alameda Botafogo.
O bairro estava tranquilo, o prédio estranhamente vazio e o hall do prédio estava na penumbra. Larissa caminhou pelo hall e sentiu-se observada, pensou em subir de elevador, mas algo a direcionou para as escadas, abriu a porta vagarosamente e certificou-se de que realmente estava sozinha, subiu os três andares e chegou em seu apartamento, destrancou a porta e entrou, mas seus pés pararam em choque no momento seguinte, seu corpo estremeceu e por um instante Larissa pensou que iria desmaiar.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 2/5

Larissa levantou e caminhou em direção a janela, passos lentos, seu corpo ainda perturbado pelo sonho e pela quantidade de penas no chão. Caminhou mais alguns passos e, com medo e excitação, abriu a cortina de sua janela, que não estava soprando o ar fresco das manhãs como de costume, o ar estava quente, quente como o hálito de um animal selvagem e voraz pronto para atacar; Larissa olhou para o jardim do prédio e seu coração parou por alguns segundos, vários pássaros mortos estavam sendo recolhidos pelo senhor Luis, o zelador do prédio.
Larissa sentiu medo, porém recolheu as penas espalhadas pelo seu quarto e as colocou dentro de uma caixa de papelão, não iria jogá-las no lixo enquanto não soubesse o que havia ocorrido naquela noite, guardou a caixa embaixo do armário da cozinha e se aprontou para sair.
Após 30 minutos desceu as escadas de seu prédio até o térreo, nenhum vizinho foi visto nesse percurso, caminhou até a porta do jardim e avistou o senhor Luis ainda recolhendo as aves mortas, pensou em perguntar o que havia ocorrido, mas antes que pudesse seguir seu caminho, Diorgenes, filho do senhor Luis, apareceu e começou a contar o porque de tantas aves mortas. Segundo o relato de Diorgenes, uma grande tempestade havia castigado somente o bairro deles e aquelas aves todas haviam sido mortas pelos fortes ventos que castigou a região. Enquanto Diorgenes falava sobre o ocorrido, Larissa procurava com os olhos vestígios da tempestade, mas seu olhos não encontraram coisa alguma, tudo parecia perfeitamente no lugar como estavam na manhã do dia anterior.
Larissa agradeceu Diorgenes pelas informações e se dirigiu para o portão que dava acesso a rua, Larissa iria para o trabalho de metrô pois era o dia de rodízio do carros terminados em 5, caminhou alameda abaixo e virou a segunda a esquerda, caminhou por mais duas quadras e encontrou a estação, que as 7:30 da manhã estava praticamente vazia.
Enquanto o trem corria pelo subsolo da cidade, os pensamentos de Larissa voavam tentam encontrar uma explicação para o que havia ocorrido. Ela não acreditava que havia ocorrido uma tempestade, mas também não conseguia imaginar outras possibilidades. O trem continuo correndo e sacudindo de um lado para o outro em uma viagem realmente rápida e, quando Larissa olhou para a janela, o trem parou bruscamente na estação da PAZ, Larissa se levantou e desceu, pisou em um chão branco como jamais havia visto, pessoas sorridentes acenavam umas para as outras em seus embarques e desembarques e uma suave melodia tocava. Larissa caminhou com estranheza e surpresa, porque nunca havia notado como a estação PAZ era branca e agradável. Seus olhos percorreram toda a vastidão branca da estação e pousaram sobre uma pequena loja escura, onde o letreiro escrito a mão dizia: "Os pássaros cantam por alguma razão".


domingo, 3 de agosto de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 1/5

Passava das 10 horas da noite quando Larissa chegou em seu apartamento na alameda Botafogo, 45 m² muito bem organizados e aconchegante no 3º andar de uma torre com 14 andares.
Como de costume, Larissa ligou o cd player e sua canção favorita começou a tocar, a melodia a envolvia em uma balanço gostoso e delicado, quase fazendo Larissa flutuar.
Larissa se dirigiu a cozinha onde começou a preparar sua refeição, como estava sempre em dieta, Larissa preparou uma salada com Cottage Cheese, óleo de oliva e uma mistura de folhas e beterraba, acrescentou um pouco de pimenta preta e alguns tomates cerejas para decorar o prato, encheu um copo de suco de tamarindo e sentou-se em sua mesa redonda, graciosamente decorada com um pequeno vaso de violetas ao centro.
A refeição foi apreciada vagarosamente e após aproximadamente 30 minutos, Larissa levantou-se e começou a lavar as louças que havia utilizado para a sua última refeição daquela noite, secou os pratos e os talheres e os guardou, encheu seu copo com água e caminhou para seu quarto.
"Dia longo" - pensou Larissa. Desligou o cd player e entrou para seu quarto; colocou o copo sobre a mesa de canto e começou a se despir para o banho, porém foi interrompida por um barulho vindo da janela, caminhou lentamente e ao abrir a cortina se deparou um pequeno pombo que se debatia contra a janela tentando se soltar da tela de proteção. Larissa gentilmente o ajudou a se soltar e ele voltou a voar livremente e ela fechou a cortina, se despiu e entrou para o banho.

Larissa teve uma noite de sono muito perturba, pássaros invadiam sua casa e a levava para um lugar longe de tudo e de todos, onde o silêncio era perturbador e a dor era sentida de uma maneira fria, sem choro ou lágrimas, apenas a dor.

Larissa acordou assustada, seu rosto estava suado e seu corpo tremia freneticamente, olhou para a janela e viu que a cortina balançava com o sopro do vento e que o chão do seu quarto estava coberto de penas.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

É PRECISO UM LUGAR CHAMADO INFERNO

Lá vem o mundo,
Com um olhar fixo e um futuro incerto.
Olhe para os rostos nas ruas,
Escute o que as pessoas falam e 
Certamente irá ver o quanto as pessoas são malignas.

Homens e mulheres e suas arrogâncias.
Um orgulho nutrido do nada,
Uma falsa verdade escondida atrás de um bela roupa, jóias...
O olhar de desprezo pela humanidade.

O diabo esta lá dentro,
O diabo fecha a porta do coração,
Lá não existe amor,
Porque o diabo o fez de morada.

Lá vem a vida,
Cheia de esperanças.
Lá vem a dúvida,
Para que tudo isso?

O diabo esta lá dentro,
O diabo fecha a porta do coração,
Lá não existe amor,
Porque o diabo o fez de morada.

O homem não aprende de maneira simples
O homem não quer aprender.
O homem conhece a Deus, mas não o reconhece.
O homem precisa do inferno.
Porque lá vive o diabo que habita cada um de nós.





domingo, 29 de junho de 2014

DUBLIN PRIDE 2014

Apesar de viver na Irlanda há quase dois anos, esse ano foi a primeira vez que fui ver a Dublin Pride, que por sinal é muito diferente de tudo o que eu já havia visto no Brasil.
Se tem festa?
Claro que tem festa e muita festa por sinal.
Se tem estereótipos?
Claro que sim, muitos por sinal.
Então por que é diferente das que existem no Brasil?

Primeiro ponto é que não existe uma semana GAY em Dublin, existe sim um mês inteiro de atividades sócio-educativas e não são só destinadas aos grupos GLBTs, as atividades são destinadas a todas as pessoas, sejam elas gays, héteros, negros, brancos, religiosos, ateus, etc, as atividades organizadas são destinadas a educar a sociedade de uma maneira geral, afinal somos todos iguais.

Segundo ponto é a grande participação das famílias, muitas crianças participaram da passeata e mostraram o apoio e o orgulho que possuem por terem gays em suas famílias e isso não os desvalorizarem em nada.


Terceiro ponto foi a grande quantidade de empresas de renome internacional apoiando a passeata e mostrando que nelas NÃO existe lugar para o PRECONCEITO e que independente de ser gay ou não, todos são plenamente capazes de exercerem qualquer tipo de profissão e ter muito sucesso nelas.


Quarto ponto foi o grande apoio político que a Dublin Pride recebeu, partidos políticos desfilaram carregando suas bandeiras e mostrando ao povo que eles estão empenhados em aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, porque para eles os direitos constitucionais devem ser iguais para todos.

Quinto ponto foi ver a alegria de como tudo aconteceu. Milhares de pessoas nas ruas assistindo a Dublin Pride passar. Palmas eram batidas para cada um dos grupos que desfilavam carregando mensagens de tolerância, amor e orgulho. Festa muito bonita, organizada, limpa e principalmente alegre, porque o sábado de sol deixou a festa ainda mais colorida e animada.




















Mas como todos somos filhos de Deus e a maioria gosta de tomar uma cervejinha em dia quente, depois do desfile os bares foram tomados e não somente os bares gays, mas todos os bares de uma das regiões mais famosa de Dublin, o Temple Bar, foram tomados por diversas pessoas que querem aproveitar do sol, do calor e festejar livremente o orgulho de ser gay em um país que tem orgulho de ser o melhor do mundo para se viver.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

TEM QUE TER CORAGEM

Para todos os problemas existe uma solução, mas será que você esta pronto para solucionar o seu problema?
Todos os dias a gente tem a oportunidade de levantar da cama, abrir as cortinas do quarto e ver que existe um mundo inteiro esperando por nós do lado de fora da janela, porém o medo de dar um passo rumo ao desconhecido nos faz amargurar em sentimentos que não nos pertencem, mas que os tomamos para nós como se eles tivessem nascido no dia em que chegamos a esse mundo.
A vida é feita de momentos, não importa se bons ou ruins, o que importa são os momentos e o quanto aprendemos com cada um deles
É, a vida é assim, um grande livro em branco esperando para ser escrito e também desenhado, por que não? Sempre há espaço para uma bela pintura e não importa se em preto e branco ou colorida, o importante é o sentimento que aquela pintura irá nos proporcionar.
Mas ninguém nunca disse que seria fácil viver, ninguém nunca disse que a vida seria um conto de fadas e realmente ela não é; mas não fique triste por conta disso, a vida pode ser bem melhor se você resolver dar o primeiro passo rumo ao desconhecido e resolver enfrentar os problemas com o coração aberto e a mente livre, porque como diz um grande amigo meu "TEM QUE TER CORAGEM".

terça-feira, 3 de junho de 2014

A VELHA LONDRES

Embarcamos no Ferry para atravessar o mar da Irlanda, eram 9 pm e o sol começa a se esconder, o vento gelando soprava e a excitação de visitar a velha Londres com minha grande amiga era gigantesca, ainda mais que seria a nossa primeira vez em Londres juntos e de Ferry, eu não podia estar mais feliz.

As 9 pm o Ferry partiu e Dublin começou a ficar distante, o mar da Irlanda se cortava pelo Ulysses, nome do Ferry em que viajávamos. Após um ou dois cigarros, fomos conhecer melhor o nosso transporte, afinal teríamos 4 horas para desfrutar do conforto e comodidade que tínhamos a nossa disposição. Olhamos perfumes, roupas, bolsas, mais perfumes, comidas, lembrancinhas e mais perfumes, um duty free completo e com preços bem acessíveis e após uma hora inteira fomos nos abastecer e nada melhor que uma pint de Guinness bem gelada e com aquele sabor irresistível que só quem conhece sabe qual é. Preço da pint com uma baguete de beef com cebolas fritas por 7,50 euros, uma pechincha pela qualidade e comodidade de comer e beber em um lugar bacana como aquele.


Após 4 horas de viagem o Ulysses atracou em Holyhead, Wales (País de Gales), embarcamos em um ônibus que nos levou até o controle de passaporte e de lá nos levaria até o nosso destino final, Londres.
A viagem até Londres levou mais 6 horas por rodovias estreitas e charmosas e por grandes rodovias com três faixas, bem iluminadas e sinalizadas; aproveitamos esse tempo para dormirmos um pouco.


7:15 am desembarcamos na Victória Coach Station, centro de Londres. Os termômetros marcavam 16 graus Celsius, uma temperatura super agradável para começarmos o nosso tour e a primeira parada foi o Palácio de Buckingham.

Após alguns flashes, seguimos caminho para os famosos Big Ben e London Eye, a tranquila manhã de sábado nos convidava para aquela deliciosa caminhada (que poderia ter sido feita em 15 minutos mas demoramos mais de uma hora) para as margens do rio Tâmisa.
Sendo minha segunda vez em Londres, muito do que eu via era familiar, porém a grandeza de Londres, o cuidado com os jardins e a limpeza daquela megalópolis me surpreendia a cada minutos mais e a sensação que tive foi de estar dentro de uma gigante cidade de brinquedo, onde todos os prédios haviam sido colocados um ao lado do outro cuidadosamente para dar o charme e a beleza que Londres tem.


Caminhamos por entre pontes e parques, prédios antigos e novos e nos deliciamos com o clima quente daquela manha de sábado, mas o cansaço começou a chegar e a alternativa para aguentar a tarde e a noite que estavam por vir, foi ir para o hotel e ter um merecido descanso de 3 horas e um bom banho relaxante, mas para chegarmos ao hotel tivemos que nos aventurar pela Londres subterrânea e percorrer seus vários quilômetros de trilhos em um sistema de metrô impressionante pela grandeza e rapidez. O ticket do metrô custou 8,90 pounds mas nos permitiu andar de metrô o dia todo, sem limite de viagens. O que acho sobre isso? Fantástico, todos os pontos turísticos de Londres possuí uma estação de metrô próxima e essa foi a melhor forma de visitar todos os lugares de uma maneira rápida, segura e econômica.

A noite de Londres é encantadora, milhares de pessoas se misturando pelas ruas de uma das regiões mais boêmias de Londres, o Soho. Bares que não acabam mais e entre um bar e outro é possível encontrar um aconchegante restaurante e ver casais de idosos jantando alegremente em mesas com jovens, uma mistura sem igual.
As baladas de Londres acabam cedo, o mais tarde que ficam é ate 4 am, mas isso não desanima ninguém, porque as 6 pm os Pubs já estão cheios de pessoas bonitas e elegantes e diferente de Dublin, em Londres é permitido se beber nas ruas e isso faz toda a diferença para uma agitada vida noturna.




Após a longa noitada (voltamos para o hotel as 5 am) e poucas horas de sono, acordamos para o segundo e último dia em Londres, nos aprontamos e tomamos um café da manhã gostosinho e lá fomos nós para nos aventurarmos no metrô mais uma vez (não sei dizer o motivo, mas tanto sábado quanto domingo o metrô estava bem lotado, o bom é que passava um trem a cada minuto) e seguimos em direção a Tower Bridge, Tower of London, London Bridge, Saint Paul's Cathedral, Liverpool Station, Nottin Hill e muito mais. 




6 pm era a hora de voltar para casa, encarar mais 6 horas de ônibus até Wales e de lá mais 4 horas de Ferry até Dublin.
Se foi corrido?
Claro que foi, mas a diversão e os bons momentos passados na Velha Londres sempre valem a pena e não importa se você vai ficar lá por 1 final de semana ou por uma semana inteira, Londres é o lugar para se visitar uma, duas, três vezes e querer voltar outras tantas vezes mais.