domingo, 24 de agosto de 2014

ALAMEDA BOTAFOGO - PARTE 4/5

Os olhos de Larissa não conseguiam acreditar no que viam, no meio de sua sala havia um corpo colocado cuidadosamente em posição fetal envolto em um fino tecido branco.
O chão encontrava-se forrado de penas e as cortinas dançavam com o vento que entrava.
Larissa pensou correr, mas algo dizia que correr não seria a melhor ideia, sendo assim, caminhou para dentro de seu apartamento lentamente. Sua cabeça tentava guia-la para uma direção, a mais longe possível do corpo, porém seus pés a levaram para junto do corpo que, para seu espanto, ainda respirava vagarosamente.
Larissa levou sua mão até o tecido que estava envolto do corpo e começou a desenrolá-lo. O tecido era frio como gelo, porém ao tocar o chão ele se queimava em uma chama azul instantaneamente. Larissa desenrolou em quantidade enorme daquele misterioso tecido até se dar conta de quem estava ali, Diorgenes.
O corpo de Diorgenes estava com vários ferimentos que pareciam ter sido causados por bicadas de aves, seus olhos estavam parados olhando vagamente para um lugar entre o passado e o presente e sua respiração era silenciosa.
Larissa abaixou-se para tentou segurá-lo em seus braços, mas Diorgenes se encolheu ainda mais e começou a murmurar, ao primeiro instante Larissa não compreendeu, porém ao aproximar sua cabeça ainda mais de Dirogenes, ela então pode entender o que ele dizia, "eles estão cantando, eles estão cantando".
Sua cabeça não conseguia pensar no que significam aquelas palavras, mas seu corpo reagiu ao que ouviu e se levantou rapidamente correndo para a janela, mas antes de tocar as cortinas, Larissa foi arremessada de costas ao chão por um grande falcão que entrou voando pela janela e pousou suavemente sobre o seu sofá.
O grande falcão deu algumas bicadas no sofá e então, os olhos de Larissa não acreditavam no que estava acontecendo, começou a se transformar em um homem com vestes surradas e um olhar arisco.
- Quem é você?
- Pergunta errada minha jovem. Quem eu sou não importa, mas o que eu faço sim, isso sim é o que importa.
- E o que você faz?
- A reordenação dos tempos.
Larissa não tinha ideia do que era a reordenação do tempo e achou melhor não perguntar. Tentou se levantar, mas seu corpo parecia estar preso ao chão. Olhou para Diorgenes e ele havia se encolhido ainda mais. Olhou para a janela e viu que as cortinas já não dançam mais e reparou que os olhos daquele homem estavam fixos na cortina, como se estivesse vendo através delas. Larissa se esforçou um pouco mais e conseguiu se arrastar para mais perto de Diorgenes e cochichou, "tudo ficará bem, confie em mim". Diorgenes moveu seus olhos em direção aos olhos de Larissa até os encara-los.
- Olhe nos meus olhos - disse Diorgenes quase em um suspiro - olhe nos meus olhos.
Larissa então olhou profundamente nos olhos de Diorgenes e, como se estivesse vendo uma televisão, viu pássaros e mais pássaros o atacando compulsivamente.
- O que isso significa? - perguntou Larissa com o mesmo tom de voz de Diorgenes. Mas a resposta não veio da boca de Diorgenes.
- Significa que aqui já não é mais seguro para você. Diorgenes fez o que pode para protege-la, mas...
Sua voz foi silenciada pelo som que o vento fazia do lado de fora da janela e no segundo seguinte o grande falcão já estava se preparando para voar. Larissa segurou Diorgenes no instante em que a grande ave começou a bater asas e um grande vendaval começou a fazer com que toda a sala começasse a voar. Larissa gritou, mas foi inútil. Tudo rodou e Larissa apagou.


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