quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SE MUDEI??? SIM, E COMO MUDEI.

Minha estória atual começou assim:
24/10/2012 embarquei com destino a Dublin, Irlanda.
Cabeça trabalhando a milhão. Coração apertado por deixar família, amigos e amores. 
Plano inicial: 6 meses estudando inglês e depois viajar um pouco e voltar para a minha vida, a vida que eu tinha e que era suficientemente boa para eu pensar em me aposentar nela, porém a Irlanda mudou minha vida e os 6 meses iniciais se transformaram em 1 ano, então depois de um ano vivendo aqui eu iria embora, retomar minha vida e viver junto da família e amigos novamente.
Um ano se passou e eu decidi ficar mais um ano. Estudar e viajar era o meu plano, mas a saudade da família começou a apertar e após 1 ano e 6 meses estou eu lá, chegando no Brasil e correndo para o colo dos meus pais. Quantas lágrimas eu derramei rs. Lembro claramente como foi encontrar minha irmã no aeroporto e chorar de alegria. Meu cunhado e minha amiga. Como senti falta deles e como eles são importantes para mim.
Seguimos para a casa dos meus pais, eles não faziam ideia de que eu estava a caminho e quando cheguei foi um choque e tanto. Quanta alegria. Ver meus pais e meus sobrinhos, reencontrar amigos e me sentir em casa novamente. Foi um domingo de muita alegria. Me senti tão bem.
Os dias foram passando e a alegria de estar com minha família não tinha preço, porém eu sentia que não pertencia mais aquela cidade. Um ano e seis meses havia mudado tanto a minha vida e eu havia criado uma expectativa de que a vida lá também estaria diferente, que as pessoas também teriam mudado, mas não foi o que aconteceu.
Vi que todos continuavam na mesma vida, querendo ser algo que não são e tentando mostrar uma vida que eles não tem. Me senti mal com isso e totalmente deslocado. 
Pensei, será que eu também era assim?
Os dias foram passando e tentei ao máximo não mostrar o como eu estava me sentindo fora do meu habitat natural. Aquela vida não me pertencia mais e a saudade da minha vida na Irlanda estava começando a apertar.
Eis que chegou o dia de voltar para Dublin e retomar minha vida, estava feliz com o retorno, mas meu coração estava partido por deixar minha família novamente, me senti ficando órfão de pai e mãe, mas meu plano era concluir meu curso e depois de 6 meses voltar definitivamente para casa e recomeçar uma vida que já não sabia se eu ainda queria.
A chegada em Dublin foi espetacular, a cidade me recebeu de braços abertos e os 22 dias que havia passado no Brasil foram suficientes para ver uma Dublin diferente. Não sei qual foi a mágica, mas tudo sorria para mim naquele retorno. A minha vida esta seguindo.
O tempo foi passando e com isso as pessoas do Brasil foram se distanciando a cada dia mais. A família continuava lá, dando apoio para que eu continuasse seguindo minha nova vida e que, se fosse minha vontade, continuasse a viver aqui para todo o sempre. Muitos amigos foram se tornando colegas e de colegas passaram a ser conhecidos. Doeu, mas já não tínhamos mais a mesma sintonia. A minha felicidade é viver uma vida simples e boa e eles já pensam que a vida boa é ter luxo e dinheiro. Enfim, seguimos para o mar em rios separados.
Esses fatos me fizeram decidir por ficar em Dublin mais um ano. Estudar mais, viajar mais, conhecer pessoas novas e dar tchau para esse lugar maravilhoso em 12 meses. Minha meta era voltar para o Brasil em outubro de 2015, chegar antes do aniversário da minha amada avó e recomeçar uma vida totalmente nova da que eu tive um dia no Brasil. O plano era mudar para uma cidade onde eu não conhecia ninguém e lá começar a me reconstruir como brasileiro. Trabalhar para ter uma vida simples e boa. Criar amizades novas e verdadeiras. Comprar um cachorro. Esse era o plano, mas dia 27/10/2014 tive meus planos mudados novamente, mas dessa vez foi de uma maneira diferente, foi algo que fugiu do meu controle. Dia 27/10/2014 eu me apaixonei. 
Existe um meio para não se apaixonar? Acredito que não.
Ver aquele carinha cansada que, mesmo depois de uma longa viagem, sorria alegremente e caminhava em minha direção foi demais para mim. Sim, me apaixonei naquele dia, naquele momento e de uma forma avassaladora. Senti meu corpo estremecer. Sabe as borboletas no estomago? Nunca elas se mexeram tanto dentro de mim. Me senti feliz ali, naquele momento, sem ao menos ter falado oi.
O destino me pregou uma peça, porque saímos de Ribeirão Preto e viemos nos apaixonar aqui. Acredito que esse é um dos maiores sinais de que aqui é onde eu devo ficar.
Hoje comemoro um mês dessa paixão avassaladora e de um namoro que começou antes mesmo do primeiro beijo.
Meus planos hoje são outros. Já não conto 12 meses para voltar a viver no Brasil. Hoje eu só quero é ficar e seguir aqui, vivendo uma vida simples e cheia de coisas boas. Hoje eu só quero cultivar mais as verdadeiras amizades e deixar o amor crescer ainda mais. Hoje eu só quero continuar com a alegria que essa terra maravilhosa me escolheu e poder retribuir toda essa alegria.
Então o que posso dizer é isso: "Me apaixonei pela Irlanda e essa paixão foi crescendo a cada momento mais. Deixei me levar por essa paixão e foi por me deixar levar que me apaixonei novamente e dessa vez não foi por um lugar, dessa vez foi por um alguém, dessa vez foi por você. Sendo assim, eu devo dizer que FICO. Onde estou é meu lar e onde estamos é onde eu quero ficar."

P.S - As pessoas julgam os apaixonados até se apaixonarem, porque depois que se apaixonam são intensas e inconsequentes assim como eu sou. Comigo é sim, não sei ficar no meio termo, ou é tudo ou não é nada e agora eu estou vivendo com tudo essa paixão essa paixão ardente.



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

MONÓLOGO DE UM SUICIDA

E eu me pergunto todos os dias, o que eu estou fazendo aqui?
Hoje completo mais um aniversário. Para muitos é um grande dia, para mim é apenas mais um dia como outro qualquer.
Você já parou para pensar que nós somos enganados por vários anos e que após completarmos 16 ou 17 anos, passamos a perceber que nossos pais nos colocaram na maior mentira já inventada?
Meus avós tiveram 11 filhos e criam muito bem os 11 filhos trabalhando de sol a sol nas lavouras da vida. Tanto meu pai, o famoso Dr. Luis quanto os seus outros 10 irmãos foram criados da mesma forma, com os pés no chão, correndo atrás de uma bola de couro surrada e tirando sempre a tampa do dedão. Todos são saudáveis e cheios de vida. Todos tiveram filhos. Todos disseram ao se casarem que dariam uma vida diferente da que tiveram para seus filhos e hoje estou aqui, emperrado em meio aos vários livros que, segundo o Dr. Luis, irão me dar um futuro melhor.
Não sei se o fato de não terem muito dinheiro quando eram crianças, não terem os melhores brinquedos e nem as melhores roupas levaram meus pais a projetarem tudo o que não tiveram em mim. Sou filho único e nem preciso dizer o quanto sou mimado. Tive de tudo. Os melhores brinquedos, vídeo-games, computadores, roupas. Fui para uma das melhores escolas da cidade. Pratiquei polo aquático e viajei várias e várias vezes. Fiz de um tudo nessa maravilhosa ilusão que meus pais pensam que é o melhor para mim.
Claro que eu não posso reclamar dos presentes ótimos que ganhei e nem dos lugares maravilhosos que conheci, porém os presentes sempre chegavam e eu sempre era obrigado a brincar sozinho, já que para meus pais "brincar na rua" era perigoso e não seria bom eu arrebentar meus pés jogando bola descalço na rua.
As viagens foram lindas, mas era sempre esperada a época do ano em que meus pais saiam de férias e para tentar amenizar a ausência dos outros 11 meses do ano, eles sempre me levavam para lugares lindos, mas nunca os que eu escolhia, engraçado né?
Então hoje. Exatamente hoje. No dia do meu aniversário eu decidi dar um basta nisso tudo. Chega de ser o brinquedo que meus pais não tiveram. Chega de usar as roupas que eles gostariam de ter usado e não tiveram a oportunidade. Chega de viajar para os lugares que eles sonhavam em conhecer e que eu nunca nem pensei em estar. Chega de ser o reflexo de pais frustrados com a infância "infeliz" que eles tiveram. CHEGA!!!!
Hoje eu quero ser EU.
Quero correr descalço na rua,
Quero tomar banho de chuva.
Quero brincar na calçada da vizinha,
Quero namorar a Lucinha.
Hoje eu quero ter a paz de um adolescente.
Quero rir,
Cantar,
Dançar.
Só hoje quero ser assim, EU.
Sendo assim queridos pais, hoje decidi morrer. Não quero ser o garotinho mimado, disciplinado e que irá se tornar mais um DOUTOR ocupado. Não quero também minha mãe, me tornar o empresário que irá trabalhar em turnos dobrados só para lucrar mais alguns trocados.
Não pensem que estou sendo ingrato, porque não é ingratidão. Apenas não quero ser o que vocês querem que eu seja, porque a vida é tão curta para não se dar valor ao que mais importa. A vida é curta para não se amar a simplicidade de viver com alegria espiritual, porque o material a gente perde e como perde.
Obrigado meus amados pais pelo que tentaram fazer por mim, sei que trabalharam muito para me dar o que vocês julgavam melhor, mas nesses meus 18 anos o que mais precisei foi a presença de vocês, foi poder ouvir de vocês uma palavra amiga, um conselho e até umas broncas a mais. Eu precisei de pais presentes e não de presentes dos pais.
Meu recado então é esse: não tentem transformar seus filhos naquilo que você gostaria de ter se transformado, eles não são vocês e tentar transformá-los nos seus fracassos só irá transformá-los em pessoas frustradas. Ame-os e deixe-os viver. Afinal seus filhos não são seus filhos, são filhos do mundo.
Esse será meu último gole. Talvez eu agonize um pouco, mas logo estarei do lado de lá.
Adeus. Sempre os amarei.
Eternamente.
Lucas.


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

D.F - DIAS FELIZES SEMPRE

A vida é engraçada e nos prega cada peça...
Dois anos atrás, quando decidi vir morar em terras desconhecidas, jamais imaginei o quanto minha vida iria virar de ponta cabeça e não ela que ela virou tantas e tantas vezes que eu já nem sei mais qual é o lado certo da minha vida.
Há dois anos eu deixei muito mais que meu país, há dois anos eu deixei família, amigos e uma vida construída com muita luta e abdicação, deixei o conforto e a segurança do meu lar para viver o inesperado, para viver o novo, para me descobrir. 
Descobri um novo eu, mais tolerante com muitas coisas e totalmente sem paciência para muitas outras. 
Descobri o quanto o mundo é racista, mas o que mais me doeu foi ver que a maioria do racismo que vi vinha do meu próprio povo.
Descobri a dor da injustiça e aprendi que ser honesto não tem preço e que isso te abre portas seja onde for.
Descobri o significado da verdadeira amizade e que os verdadeiros amigos são anjos colocados nas nossas vidas por Deus.
Descobri que a religião não esta em um templo feito com ouro e grandes muralhas, descobri que a religião não pede por ostentação e que o lugar de maior concentração de fé esta dentro de nós mesmo, esta dentro de nossos corações.
Descobri que podemos amar quantas vezes quisermos amar, porque Deus nos deu esse dom e amar nunca será demais para um coração.
A vida me trouxe tanta coisa, tantas pessoas, tantos amores. A vida me sorriu e me mostrou o lado bom de viver.
Engraçado falar em viver, porque fui aprender a viver depois de completar 30 anos de idade. Antes eu sobrevivia em meio ao caos, tendo que estudar, trabalhar e ainda tentar ter uma vida social. Hoje tudo corre tranquilo, continuo trabalhando, estudando e tendo uma vida social, mas hoje tenho tudo com isso com qualidade, porque a vida me ensinou a gerenciá-la e hoje sou o responsável pelo meu tempo. falando de tempo, eu não o desperdiço mais com coisas bobas e mesquinhas, a vida é curta para se preocupar com problemas que não nos levarão a lugar algum e eu não quero ter cabelos brancos por pensar em algo que não me acrescentará em nada e se não me acrescenta, eu deixo o vento levar... levar para longe...
A vida é assim, cheia de reviravoltas. Ainda bem que ela é assim. Hoje estou do lado que deveria estar e o engraçado, é que eu estou amando esse lado!!!
D.F - Dias Felizes...